quinta-feira, 15 de maio de 2008

CRIANÇA X SOCIEDADE: POR QUE PREVALECE A LEI DO MAIS FORTE?

Visitando recentemente um site de notícias, fiquei estarrecido com tamanha brutalidade contra as crianças brasileiras, não estou falando de uma criança em particular, relembremos alguns casos:
Caso João Helio – uma criança de sete anos é arrastada por vários quilômetros pelas ruas da cidade, o carro havia sido tomado de assalto e os meliantes arrastaram covardemente o filho da proprietária do veiculo.
Caso Isabela – uma criança de seis anos é jogada da janela do apartamento do pai, crime ainda não solucionado.
Caso Mauricio de Souza – criança de nove anos, filho de Mauricio de Souza é seqüestrado, felizmente tudo acaba bem, com a volta da criança para seu lar.
Como a criança no Brasil tem sido exposta a todos os tipos de violência, de religiosos pedófilos a assassinos frios e calculistas, vivemos no século XXI, porém a violência contra as crianças parece nos remeter para o período das cavernas, tempo aquele que a falta de civilidade e compreensão humana não permitia distinguir uma criança de um animal, tempo em que a única Lei era a do mais forte.
Durante o período das cruzadas a Igreja Católica com toda sua sapiciência organizou a cruzada das crianças, sob alegação de que a ausência de pecados nas crianças garantiria a vitória, não é necessário comentar que esta cruzada composta de crianças e adolescentes foi dizimada com muito pouco esforço por parte dos Turcos.
Vivemos sob um regime jurídico de busca em vão proteger crianças e idosos, a Lei tem suas falhas, o estado é precário no cumprimento de seu papel, porém o homem tem mostrado que estamos caminhando para o caos, pois a educação não tem conseguido civilizar o homem moderno, dessa forma como poderá existir uma ordem social, tratamos nossas crianças com a mesma violência que ora condenamos terem sido praticadas contra prisioneiros de guerra (prisão iraquiana, onde soldados americanos torturaram e humilharam prisioneiros), não defendo tortura contra ninguém, mas não seria a criança mais frágil e sensível? Não mereceria tratamento melhor?
No século XVIII apareceu uma luz no fim do túnel, uma chama de esperança, Rousseau mostrou-nos em seu livro Emílio uma nova visão a respeito das crianças, era a primeira vez que se viu a criança como criança, por este motivo podemos considerá-lo como pai da infância. Infelizmente passaram-se quase 300 anos e ainda não valorizamos nossas crianças, muitas vezes as desumanizamos para justificar nossos atos quando, escravizamos, mutilamos, violentamos e cruelmente assassinamos.
Cada dia as pessoas comportam-se como se tudo fosse natural, transformamos casos horrendos em shows macabros, a televisão tem portado-se como grande vitrine de monstruosidade, divulga-se um caso e expõem-se até a exaustão, gerando comoção nacional, após a elucidação do caso não mais importa a vitima, é como se todo seu trauma fosse diluído apenas com a comprovação do seu depoimento, o estado não garante nem mesmo um sistema de saúde eficiente para doenças ditas como comuns e corriqueiras, imagine fornecer a assistência psicológica necessária a milhares de vitimas mirins espalhadas por este país continental, que sem o tratamento adequado crescerá vitima de seus traumas e medos.
Como podemos sonhar em um país melhor se humilhamos, torturamos, seqüestramos, estupramos e matamos nossas crianças? Fomos crianças em um período que os adultos diziam orgulhosos “a criança é o futuro do nosso Brasil”, hoje vemos que parte deste futuro quer destruir as crianças.
São comuns comunidades revoltarem-se pela morte de traficantes e muitas pessoas repetem que os direitos humanos só manifestam-se pela morte de bandidos, chegou à hora de darmos as mãos e cobrarmos o fim da violência contra nossas crianças, ou será que prevalecerá a lei do mais forte?