domingo, 4 de novembro de 2007

Ainda avaliar ?

Ainda avaliar ?

Adriana Francisca de Medeiros
Pedagoga, psicopedagoga e especialista em Educação Infantil

O advento do pós – modernismo não deixou para trás um dos principais problemas no campo da educação- a avaliação . Muito se tem debatido, mas, esta continua sendo considerada por muitos estudiosos a pedra angular da teoria pedagógica.
Durante muito tempo a avaliação foi vista como um instrumento que servia para medir os conhecimentos dos alunos e para averiguar se os objetivos dos professores tinham sido alcançados em relação ao aluno, em outras palavras, se o que professor ensinou foi aprendido pelos alunos.
Para muitos, esta forma de avaliação serviu para seletar um grupo privilegiado, o da classe dominante. Segundo Castanho (2000) A avaliação é vista como a ferramenta de que se vale a classe dominante para garantir a prioridade a seus filhos nas vagas existentes no sistema de ensino(...) (p. 160).
Os estudiosos da atualidade têm se debruçado sobre a questão , tentando promover uma revisão completa desse quadro, refletindo sobre a validade dos instrumentos pedagógicos ainda hoje utilizados oriundos do século passado.
No ensino superior, similarmente ao que acontece nos anos anteriores do ensino, as notas e conceitos são decisivos para a continuidade dos estudos, determinando para o sujeito o status de “sucesso” ou de “fracasso” acadêmico, de permanência ou de exclusão do processo escolar.
A avaliação no processo ensino – aprendizagem é um tema bastante delicado. Possui implicações pedagógicas que extrapolam os aspectos técnicos e metodológicos e atinge aspectos sociais, éticos e psicológicos importantes. Sem a clareza do significado da avaliação, professores e alunos vivenciam intuitivamente práticas avaliativas que podem tanto estimular, promover, gerar avanços e crescimento, quanto podem desestimular, frustrar, impedir esse avanço e crescimento do sujeito que aprende.
Em um pesquisa realizada por Castanho(2000) , com 127 alunos de um programa de pós- graduação, no nível de mestrado, na área de saúde, revelou dados importantíssimos para uma reflexão acerca desse tema. Os supracitados alunos foram convidados a relatarem por escrito uma experiência que os tivesse marcado, positiva ou negativamente, na qual tivessem sido avaliados, ao longo de sua vida acadêmica.
O resultado da pesquisa revelou que 56,7% dos entrevistados referiu-se a experiências com desfecho negativo, contra 23,6% positivos e 19,7% “negativas – positivas”, esta última refere-se as situações que de alguma forma teve um lado positivo. O caráter punitivo do professor foi um dos pontos mais recorrentes nos relatos, como também o conteúdo e a forma como a avaliação é aplicada.
Com as efêmeras mudanças dos tempos pós – modernos , a concepção de avaliação precisa sofrer reformulações significativas. É necessário abandonar o aspecto punitivo ou do “acerto de contas”, e procurar emergir com novos parâmetros , que busquem reajustar o processo em favor do êxito de todos os indivíduos envolvidos.



Referência bibliográfica :
CASTANHO, Sérgio; CASTANHO, Maria Eugênia L.M.(Org). O que há de novo na educação superior: do projeto pedagógico à prática transformadora. Campinas: Papirus,2000.

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